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quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Impossível




"A palavra 'impossível' não está em meu dicionário."

Napoleão Bonaparte

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Soneto de Separação




"De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez o drama.
De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente
Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente."


animação e tipografia: André Tanaka

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Vou-me embora pra Pasárgada



Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive

E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d’água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada

Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar
E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar

- Lá sou amigo do rei -
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada

Manuel Bandeira


Onde fica Pasárgada? aqui!

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Wicked Game




The world was on fire and no one could save me but you.
It's strange what desire make foolish people do.
I never dreamed that I'd meet somebody like you.
And I never dreamed that I'd lose somebody like you.

No, I don't wanna fall in love (This love is only gonna break your heart)
No, I don't wanna fall in love (This love is only gonna break your heart)
With you (This love is only gonna break your heart)

What a wicked game to play, to make me feel this way.
What a wicked thing to do, to let me dream of you.
What a wicked thing to say, you never felt this way.
What a wicked thing to do, to make me dream of you and,

I don't wanna fall in love (This world is only gonna break your heart)
No, I don't wanna fall in love (This world is only gonna break your heart)
With you.

The world was on fire and no one could save me but you.
It's strange what desire make foolish people do.
I never dreamed that I'd love somebody like you.
And I never dreamed that I'd lose somebody like you,

No, I don't wanna fall in love (This love is only gonna break your heart)
No, I don't wanna fall in love (This love is only gonna break your heart)
With you (This love is only gonna break your heart)
No, I... (This love is only gonna break your heart)
(This love is only gonna break your heart)

Nobody loves no one

Chris Isaak

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Por quê?


O desprezo era a única atitude racional naquele momento. Depois de tudo o que houve, de tudo o que foi visto... E o que senti é melhor nem comentar.
Mas não. Não teve jeito. Ao ver aquele sorriso amarelo de arrependimento na manhã seguinte. Fingi que dormi até altas horas da tarde, só pra não admitir que a perdoaria.

Em atitudes desesperadas para tentar se desculpar. Se redimir do irremediável. Fora contra todos os seus próprios princípios. Não sabia o que dizer. Não tinha o que dizer. Então, o que cobrar? Por que se zangar? Não tive como. Apenas deixei. Dei crédito além do que costumo dar e lá se vão embora minhas regras pra não me machucar. "Já lascado mesmo", pensei.

Acho que vou conviver com o cheiro de laranja muito tempo ainda. Mas doeu. Mais do que deveria doer. Fiz cara de pôquer. Mantive a serenidade. Não podia dizer nada.

Mas ela disse: "Se fosse em outra situação". Significa que no nosso caso não se aplica essas regras. Então o que se aplica? Vale-Night? Por favor! Nem o que significa isso eu sei. Sou das antigas, Dona. Sou daqueles que abre a porta do carro. Que aliás, não abri de propósito naquele dia. E sentei na frente. E quis fugir pra Minas. E me senti mal por tudo isso. Por quê?

C. S. Júnior

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Eu


Sou muito poeta
E como tal vivo em constante deslocamento,
Transcendência.
Sozinho no mundo
Mesmo que rodeado por muitos.
Sou heterogêneo.
Não me misturo.
Não por opção.
É natural,
Involuntário.
Absência social me faz parte,
Inerente.
Como todo bom poeta,
Sofro dessa sina.
Condição primal para o talento,
Talvez.
Dito isso por alguém que sofre do mesmo mal
Só pode ser verdade.
Um autismo artístico
Ou algo parecido.
Sinto-me diferente.
Igual a todo mundo.
E sinto.
Observo.
Crio.
Penso.
E sofro.
Não mais que os outros.
Nem tão menos.
Mas atraio.
Não pelo jeito de ser.
Não pela aparência.
O que por lógica deveria ser.
Mas não ocorre.
Por essas eu repilo
Como que um campo de força.
Atraio pela mente.
Somente após conhecer minha mente.
Ou o mistério que ela representa
Eu atraio.
Algo inexplicável
E tão verdadeiro quanto acreditar.

C. S. Júnior

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

The Lovely Bones



“If I had but an hour of love, if that be all that’s given me. An hour of love upon this earth, I would give my love to thee.”

Ray Singh, The Lovely Bones


"Se eu tivesse apenas uma hora de amor, se isso fosse tudo o que me fora dado. Uma hora de amor sobre esta terra, eu daria a você."

Tradução: C. S. Júnior 

Paixão

Paixão
A muito não escrevo sobre ti
E há muito não a sinto em mim
Nem me lembro da ultima vez que me visitastes
Mas me lembro muito bem de como me senti quando vieste

Tu es furação
Vêm e sem piedade leva tudo por onde passa
Nos faz entregar, de corpo e alma, o coração

E os sentimentos afloram como Primavera
E desabrocham nos braços alheios
Que parecem tão seus quanto os próprios
E nos carregam aonde, não sei
Só sei que vamos.

E lá vamos nós
Sem pensar
Sem hesitar
Levados como que por uma maré mansa

E quando menos esperamos
E nos damos conta
Estamos totalmente entregues.
E dependentes

Ah paixão, paixão
Tu es furação
Vento forte e insolente
que nos levanta e nos faz flutuar
Como se fossemos pássaros
Indo ao encontro do por do sol

Paixão, oh paixão
Não me deixe
Não fiques longe de mim
Pois conheço teu gosto
E mesmo que amargo seja o sabor da partida

O gosto do olhar nos olhos
Do beijar na boca
Do abraço apertado
Do conforto do colo
Estes sim perduram.

C. S. Júnior